Quatro Danças



Sinopse: 

 Quatro danças. Este é o tempo que Joan Campbell tem com Annie Walker, o suficiente para fazê-la refletir sobre as últimas semanas. O que haveria mudado?

| Amizade| Romance  + 14 anos

*Trilha sonora recomendada:Elisa Tovati ft. Tom Dice - Il nous faut
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Quatro Danças

As palavras francesas foram se juntando a melodia suave e delicada que ecoava pelo local. Ela havia estendido a mão em minha direção, oferecendo uma dança. Seus olhos cor de mel pareciam brilhantes em meio toda a escuridão daquela casa noturna. Era uma desculpa, um disfarce para que não fossemos reconhecidas naquela boate, mas quando nos aproximamos, quando senti seu corpo juntar ao meu, um arrepio percorreu toda extensão de minha pele, e naquele instante, não soube exatamente o que aquilo significava. Apesar do ambiente ser tomado por um característico cheiro doce de incenso, o perfume que ela usava foi o que permaneceu em minha mente, foi o que eu quis conhecer, sentir. Ultimamente tudo estava tão confuso, tão nebuloso. - Era a CIA, era Arthur, eram os hormônios da gravidez, era Annie em encrenca...era...- Senti sua mão se encaixar em minhas costas para que ela pudesse me conduzir naquela dança. Instantaneamente meus pensamentos se congelaram, tudo que eu conseguia sentir era o contorno de seus dedos em minha lombar. Seu toque era delicado, suave, e mais uma vez me vi perdida naquela onda de arrepio. Fechei os olhos por alguns instantes, eu sei que isso não era o melhor a ser feito, vindo de uma espiã, mas eu precisava, precisava daquele momento.


Um mês e meio antes minha vida havia mudado, mudado para sempre. Depois da descoberta do caso extra conjugal de Arthur e da gravidez, a casa de Annie foi para onde eu corri. Na época eu não tinha a resposta do porque havia ido para lá, agora, nos braços dela eu sabia exatamente porque havia feito isso, eu me sentia protegida naquele instante, era isso! Annie me trazia proteção. Eu podia confiar nela, podia tanto confiar para que ela me guiasse por uma pista de dança enquanto eu permanecia com os olhos fechados, quanto podia confiar para confessar um dos meus maiores segredos no momento.


Ainda em sua casa, quando eu havia confessado sobre a gravidez, Annie me surpreendeu com um abraço forte, que confesso, foi o que eu mais precisava naquele instante. Não sei quanto tempo durou, sei que eu não tive coragem de soltá-la, a não ser quando me dei conta que estava tempo demais ali.


(Joan) Annie...me desculpe, me desculpe...por tudo...por isso, eu realmente tenho que ir. Eu nem devia ter vindo.


(Annie) Para onde você vai?


Abri a boca para responder, mas de repente aquela tentativa de falar se evaporou, eu não fazia ideia de para onde iria. Tentei concertar rapidamente.


(Joan) Para...um hotel...- Desviei os olhos, e dei um passo em direção a porta da casa de Annie, porém, antes que eu conseguisse dar mais um passo, senti sua mão segurar a minha.


(Annie) Fica aqui, Joan...pelo menos hoje...


Nossos olhos se encontraram, e acabei engolindo em seco, Annie não disse nada, nem eu, não foi preciso, ela me abraçou forte mais uma vez. Eu havia prometido que ficaria aquela noite, mas a situação toda se estendeu por mais tempo que eu imaginava.


(Annie) Onde você vai?! – Annie indagou ao me ver de frente para o espelho terminando de me aprontar na manhã seguinte, colocando apenas os brincos que restavam quando os primeiros raios de sol haviam surgido.


(Joan) Trabalhar. – Respondi, me encarando ainda no espelho, Annie caminhou até onde eu estava.


(Annie) Joan, por favor, se não quer fazer isso por você, faça pelo...


A encarei no mesmo instante de forma severa, como se censurasse o que ela estava prestes a dizer. Annie, de seu jeito abusado não pediu desculpas, continuou a me encarar como quem dizia que não voltaria atrás.


(Joan) Como será o dia na CIA se eu não estiver lá? Eu preciso...


(Annie) Eu acho que é você que precisa mais dela, do que ao contrário, no momento. Tire o dia para você...- Annie me encarava, pegando de minhas mãos o par de brinco que eu começara a colocar e deixando-o em cima da penteadeira. -...prometo que eu e Auggie manteremos tudo sob controle.


(Joan) Auggie não pode...- Ameacei dizer, mas Annie me interrompeu.


(Annie) Ele não vai saber de nada, não se preocupe. – Annie completou, como se lesse minha mente, me dando sua palavra. – Agora, por favor, vá até sua casa, traga algumas mudas de roupa...fique aqui essa semana, até decidir o que fazer...até a poeira abaixar, está bem?! – A moça me encarou com preocupação. – Me deixe eu te ajudar...


De todas as frases, aquela foi a que mais me marcou. Talvez pelo meu enorme orgulho, por não gostar de pedir ajuda para ninguém, por não gostar de confessar que eu precisava de ajuda. Mas eu concordei, eu permiti que ela pudesse se aproximar, permiti que ela pudesse me ajudar. O que era para ser uma noite na casa de Annie, acabou se passando mais seis dias, quando no final da semana eu consegui convencê-la que ficaria em um quarto de hotel próximo.


Agora, depois de quase sete semanas, era minha vez de ajudá-la, em Los Angeles. Era minha vez de estar ali para Annie, mas talvez bem mais do que eu gostaria de estar. O balanço leve de seu corpo, ainda naquela dança lenta, me fazia permanecer junto a ela. Pouco a pouco eu havia conseguido relaxar minha musculatura, que antes, em um medo bobo, tinha receio de enconstá-la, de estar perto dela pelo receio que aquele contato poderia me causar. Agora eu havia de fato esquecido todo o resto, eu sabia que Annie estava ali, e isso me bastava. De longe, para quem olhasse, realmente não havia dúvida que éramos um casal.


(Annie) Acho que é hora de falar na escuta, para que eles ... invadam! – Foi o sussurro de Annie próximo ao meu ouvido que me fez acordar de todas aquelas considerações mentais que eu estava fazendo.


Sei que precisei de força de vontade para não pedir  a ela que ficássemos ali mais um pouco. Para que eu pudesse ter de forma aquela proteção que Annie proporcionava, que parecia afastar todos os meus problemas, meus fantasmas para longe. Não sei por quanto tempo havíamos permanecido juntas ali, pelas minhas contas haviam sido umas quatro danças. Precisávamos fazer o que era certo, o que havíamos ido fazer ali, e de fato fizemos. A policia e o FBI conseguiu prender toda a máfia da relíquia e eu e Annie conseguimos escapar, por pouco, mas conseguimos.


No taxi que pegamos em direção ao hotel, eu vasculhei minha bolsa em busca de lenços de papel, me aproximando de Annie, que ainda tinha o nariz sangrando pelo golpe que havia levado do segurança da boate.


(Joan) Deixa eu te ajudar com isso... - Sussurrei para ela, limpando parte do sangue que havia em seu rosto com o lenço de papel.  Sorri de canto, encarando-a nos olhos. Eu não era capaz de descrever o tamanho orgulho que eu sentia por Annie, não só por estarmos ali em uma missão juntas e seu desempenho ter sido extraordinário com toda a astúcia em conseguir nos colocar para dentro da boate, em conseguir localizar os bandidos tão rapidamente, mas sim por ver como ela havia chegado tão longe, como agente e como mulher, se comparado a menina Walker que havia chegado na agência para nós há quatro anos atrás.


Algo havia mudado. Algo, definitivamente, havia mudado.



4 comentários:

  1. Respostas
    1. Brigadaaaaaaaaaaa por apoiar minhas maluquices! *__*

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  2. Beeeemmmm, foi muito bom. Uma coisa que eu continuo achando fantástico, e nc vou deixar de achar, a forma como vcs interligam as coisas, acho isso de uma maestria formidável. De um cuidado e atenção aos pormenores extremo.

    "... tudo que eu conseguia sentir era o contorno de seus dedos em minha lombar." UI, pq essa zona tda é tão sexy? XD

    "A encarei no mesmo instante de forma severa, como se censurasse o que ela estava prestes a dizer. Annie, de seu jeito abusado não pediu desculpas, continuou a me encarar como quem dizia que não voltaria atrás." Adorei, esperava tb essa reação de Joan, mt fiel <3

    A forma que usou as danças pra fazer a ligação aos flashbacks foram perfeitas. Contextualização fluída e coesa.

    Parabéns! Babeiiiii demais na capa! E a músicaaaaaaaaaaa ahhhhhhh
    MAISSSSSSSS danças!

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    1. Ahhhhhhhhhhh pra variar a gente começa a montar nossos quebra-cabeças, né?! hoho. Poise, poise, não foi a omoplata, mas foi a lombar :p kkkkk. Que boom que consegui expressar as reações de Joan, esse era meu maior medo no começo, não conseguir passar ela...mas que bom que aprovou *_*. Obrigadaaaaaaaa, mais e mais danças em breve hoho :P

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Navegantes

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