Sinopse:
Luce sempre teve sua visão única do que é o amor, porém, nunca se sentiu exatamente preparada para ele. O que aconteceria se o amor a pegasse de surpresa?! Teria ela como fugir?!
| Romance| + 14 anos
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Eu sempre fui aficionada
pelo saber. Sempre gostei de significados. Sabe a tal faze do “por quê”, quando
se é criança? Pois bem, a minha durou quase até o final da adolescência. Claro
que a partir de um certo ponto, minha mãe me apresentou uma coisa chamada
biblioteca, e minhas respostas começaram a vir de lá, já que ninguém tinha
tanta paciência ou conhecimento para arcar com as várias perguntas perguntas.
Foi mais ou menos nessa fase
“annoying” da minha vida que eu comecei a estudar sobre flores, e nasceu minha
verdadeira paixão por elas. Sempre admirei suas pétalas delicadas, as várias
cores, a textura macia e as várias ocasiões em que poderiam ser usadas. Era,
talvez, o presente mais versátil que eu conhecia. Amélias, Girassol, Azaléias,
Camélias, Rosas, Violetas...Lírios...Ah,
os lírios! Mais ou menos na mesma época, a ideia de ter uma banca de flores
também surgiu, e mesmo que julgada, anos depois, quando minha mãe foi
diagnosticada com depressão, o sonho da banca de flores se tornou realidade,
uma vez que a recomendação do médico para que ela continuasse morando em
Londres, é que ela buscasse uma forma mais tranquila de viver...isso é, ser
enfermeira e trabalhar em grandes hospitais da região, como ela fazia, estava
fora de cogitação.
Eu devia ter por volta de
meus vinte e dois anos quando vendi minha primeira flor. A maioria das pessoas
não compreendia quando eu tentava explicar os significados no começo,
provavelmente achavam que era algum “papo barato” de vendedor, ou algo assim,
mas na verdade, é algo muito importante, e que deve ser considerado além do
visual da flor. É como as pessoas, você se prende a elas pelo que são por fora,
a aparência, ou pelo que são por dentro, o conteúdo?!....Bom, eu conheço várias
pessoas que responderiam a primeira opção, mas eu sempre tive uma visão um
pouco diferente a respeito das pessoas, da vida, do amor...
Amor. Eu acredito nele,
sempre acreditei, e apesar de não poder me exibir por ai com uma vida amorosa
perfeita, eu me contento com minha vida “morna” por hora. Não que eu tenha
desistido de jantares, encontros, namoros, nem nada do tipo, como minha mãe
costuma falar e insistir, ou como Edie, uma das minhas melhores amigas, me joga
na cara, eu simplesmente acredito que as coisas têm o momento certo para
acontecer. E, apesar de eu ter tido alguns relacionamentos durante todo esse
tempo, eu ainda não senti meu coração parar por um instante, e em seguida
acelerar tanto que achei que ele poderia pular do meu peito. Não encontrei
ninguém que me fizesse querer tirar os pés do chão, ou aquele sorriso que eu
tivesse certeza de que seria a primeira coisa que eu queria ver pela manhã. Não
encontrei o olhar que cruzasse com o meu, e me fizesse querer exclamar: “é
esse!”. Ok....talvez eu seja um pouco romântica demais, talvez, se você me
visse na rua, provavelmente nem imaginaria toda essa minha visão,...mas como eu
disse anteriormente, o exterior muitas vezes difere do interior, e no final das
contas, é ele que importa.
- Luce, Luce...querida! –
Escutei minha mãe exclamar do andar de baixo, enquanto eu terminava de me
aprontar. Desde que havíamos começado a fazer grandes eventos, em geral eu que
representava a floricultura nos locais, e o da vez era um casamento.
Desci as escadas a passos
apressados, minha mãe já havia preparado todo o arranjo de flores no veículo da
floricultura.
- Precisa que eu faça o
check-list novamente?! – Ela perguntou de um jeito meigo, enquanto eu me
aproximava e beijava seu rosto.
- Não precisa, pode deixar
comigo, dona flor! – Brinquei com ela, e trocamos uma piscadela cúmplice. Posso
dizer que minha mãe é a pessoa mais importante na minha vida e somos bastante
próximas.
- Faça bonito no casamento!
– Ela segurou meu rosto, sorrindo de uma forma toda maternal, o que acabou
fazendo com que eu risse.
- Mãe, não sou eu que estou
casando...- Brinquei com ela, que acabou rindo e deu de ombros.
Trocamos mais algumas
brincadeiras , e eu logo tive que correr para fora da floricultura e terminar
de ajeitar os arranjos na perua amarela que usávamos para transportá-las. Logo
vi uma moça loira veio se aproximando, e eu sabia o que me esperava.
- Você está atrasada! –
Exclamei para Edie que fez uma careta.
- Droga!- Foi tudo que ela disse a principio, tornando a falar enquato eu terminava de ajeitaras flor no bagageiro. - Qual é o
trabalho?!
- Casamento! - Susprei, encarando-a.
- Você sempre dá um jeito!
- Edie respondeu em seu jeito levemente debochado.
- Uma de nós precisa. –
Rebati, ok, talvez meu humor não estivesse nos melhores naquele instante, mas
aquela mistura de ansiedade e nervosismo em eventos grandes sempre acabava me
deixando um pouco mais ácida.
- A casa é legal? – Ela
tentou mais uma vez.
- Não sei...não os conheço...
- A mãe sempre é...-
Brinquei, tentando quebrar o clima que ficara antes.
- Não é mesmo? – Edie
acabou entrando na onda.- Saia comigo depois!
- Claro..- Acabei
suspirando, lá ia Edie começar com a operação cupido.
- Você vai?! – Edie
indagou mais uma vez, esperançosa.
- Com certeza! –Foi minha
vez de usar um tom debochado.
- Legal! – Ela pareceu não
perceber. – Nós vamos juntas então...
- Eu encontro você lá! –
Respondi sem a olhar de fato, fechando o bagageiro.
- Você não vai ir! – De
repente, Edie me acusou.
Abri a porta do carro,
revirando os olhos.
- Meu programa favorito
vai passar na TV...
- Você precisa de uma vida
amorosa! – Ela tentou argumentar.
- Eu tenho uma vida morna
que me serve muito bem!
Em geral nossas conversas
sempre acabavam assim, eu tendo que fugir das ideias mirabolantes. E não foi do
único lugar que eu tive que fugir aquele dia. Assim que cheguei na igreja,
depois de ter arrumado todos os arranjos, encontrei Hector o noivo, que estava
na companhia de Cooper. Não me leve a mal, eu não costumo julgar pessoas, mas
Cooper desde o instante que o vi, soube que me traria dor de cabeça. As
investidas, olhares e conversas em que ele se gabava começou no instante em que
me apresentei. A coisa piorou quando Cooper resolveu conversar diretamente
comigo, eu não fazia ideia do que ele falava, mas sabia que aquilo não levaria
a um bom lugar, porém, fui salva pelo gongo, ou melhor, por uma garotinha, que
por sinal, remeteu à minha própria infância com aqueles vários “Por quês”.
Apesar das pessoas ao redor da garota quererem escapar da pergunta, eu os
impedi antes, respondendo-a. Satisfeita, a escutei de longe pedir para a
responsável que a acompanhava se eu poderia sentar junto a ela. Acabei rindo,
com saudades da época em que minhas indagações podiam ser respondidas, fossem
pelas pessoas ou livros, hoje em dia elas pareciam tão mais complexas.
- Quando os peixes dormem?
– De repente, quando Henrietta havia convencido a mãe a me chamar para assistir
a cerimônia, veio mais uma pergunta.
Acabei rindo. Essa eu
mesma já havia me feito há um bom tempo atrás.
Pouco a pouco a igreja foi
se enchendo, as pessoas se acomodando todas naqueles trajes formais, enquanto
eu e a pequena H. íamos nos conhecendo com a troca de perguntas, o que
aparentemente as duas adoravam. Assim que a mãe dela chegou, me despedi das
duas com a desculpa de que ia organizar a recepção, mas a verdade é que eu me
sentia um peixe fora d’água ali.
A marcha nupcial se
iniciou à medida que eu tentava passar entre os bancos estreitos de madeira,
mas foi quando eu já estava na lateral da igreja, à caminho da recepção, que eu
a vi pela primeira vez. Meus segundos congelaram. Ela estava adentrando a
igreja de braços dados com o pai segurando em mãos o buquê que eu havia
ajeitado...e...eu nunca havia visto tal coisa, alguém que combinava tanto com
aquelas flores quanto ela, alguém que emanasse tanta luz. Por um instante
nossos olhares se cruzaram, por aquela mínima fração de segundos, e não por um
minuto depois, uma semana, ou um mês, por aquela exata fração de segundos eu
soube que era ela, e por um instante, ainda naquela fração, eu pensei ter
achado que ela tivesse sentido o mesmo, pois seus olhos haviam se congelado aos
meus, havíamos trocado discretos sorrisos...porém, no segundo seguinte, a noiva
voltou a olhar para o altar, e eu segui, segui meu caminho para a recepção,
tentando me convencer de que ela era a mulher da minha vida, a mulher com quem
eu gostaria de passar dia após dia da minha existência, mas possivelmente, eu
não era a dela.
E claro que Luce também tinha que fazer suas revelações, não é?
ResponderExcluirLinda demais!
Adorei!